Mãe.
Despertou-nos a
ventania matinal,
Num suave ruído do fundo do teu peito,
Saiu-te um gemido
de carência,
Tão triste quanto necessário.
Anda, ponte a pé já
são quase 4 horas da manha,
O café está quente.
Foi assim que nos
criaste …
Mãe,
Foi assim que me
fizeste homem.
Da tua nula
formação académica,
Criaste o dicionário da vida,
Os mapas que guiam,
teus filhos, depois netos e agora bisnetos, tu que não fostes, criança …
Mãe.
Que cedo te fizeram mulher, que te deram uma enchada
em vez de uma lousa
Um avental, em vez
de uma bata, uma vassoura em vez de uma sebenta.
Trabalho em vez de
um livro
Porrada em vez de
pão, a que chamavam educação.
E resististe,
Mãe
Tenho orgulho Mãe,
nos teus manuais, não tem imagens, títulos, nem grafites
São folhas escritas
na memória de cada um dos que educaste
E educas
Porque o teu saber
É uma bíblia por
escrever, que sabes transmitir
Não sabendo ler
Soubeste sim,
aprender, ensinar, amar.
A Ser Mãe
Rodrigo Oliveira
26/03/2011
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